"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, outubro 29, 2007


©ana

no fechar das pálpebras, ainda o recorte nítido daqueles esqueletos de árvores de um qualquer verão com fogo dentro. trago as mãos nos bolsos, fechadas contra o frio. andam por aí a vender o outono: castanhas e marmelos, as últimas uvas, dióspiros, mel. levo os dedos ao pote e vem-me à boca o cheiro das folhas avermelhadas a caírem na berma das estradas. a cor do sol a despenhar-se vale abaixo. o rumor da canção que acendi despropositadamente só para evitar um cigarro. aquele vinho enganou-se na morada. tinha sabor de planície. de seara alta penteada pelo vento. talvez seja apenas uma leve impressão minha. insensatez. ou, então, esta terá sido mais uma viagem em sentido contrário.

3 comentários:

bruno disse...

gosto muito da prosa que vais escrevendo por aqui, ana. (isto anda mesmo bom)

Happy and Bleeding disse...

definitely. ( e as fotos então... como já é habitual)

ana c. disse...

obrigada.

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: