"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

meu irmão, meu petit prince

a casa. a casa era azul. ou cor-de-rosa. talvez fosse laranja. a casa tinha luz e gatos. tinha escadas. um cigarro pousado na beira da varanda. tinha livros e revistas. prateleiras de música e de palavras. poemas estendidos na corda da roupa. a casa tinha os teus olhos. os teus cabelos deitados na almofada. o teu sono colorido nos braços da noite. a casa tinha duas estrelas dependuradas no tecto. roubadas à chuva num anoitecer de camisolas e calças molhadas. de sapatos a pingar de saudades. a casa tinha aquele abraço. a tua voz a dizer gosto muito de ti. a casa tinha uma porta, sem tapete na entrada. guardavas a chave no bolso para te esqueceres dela. eu sei. tu ensinaste-me. ganhamos sempre em perder. e eu nem sequer perdi. reencontrei-te.

sabes? a casa. nem sequer é minha. é tua. porque nela abriste os braços e deixaste-me ficar. a casa. é tua.

volta.

1 comentário:

Magnólia disse...

Os reencontros são sempre bons... uma espécie de descoberta.
O importante é deixar a porta aberta!

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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